Nova lei em Portugal proíbe burca em espaços públicos e prevê multas pesadas até 4.000 euros

Ana Fernandes
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Imagem de uma mulher usando niqab e véu preto, com olhos visíveis, em ambiente urbano, transmitindo uma expressão de confiança e mistério.
Decisão histórica reacende debate entre fé, liberdade e segurança.

Portugal Aprova Multa de Até 4.000 Euros para Uso de Burca em Público

Surpresa e controvérsia. Portugal deu um passo inédito ao aprovar uma lei que proíbe o uso de véus que cubram completamente o rosto, como a burca e o niqab, em espaços públicos. 

A decisão dividiu opiniões e reacendeu o debate sobre liberdade religiosa, segurança e identidade cultural.

A proposta, apresentada pelo partido Chega e apoiada por parte da direita parlamentar, estabelece sanções financeiras para quem desrespeitar a norma. 

O texto segue agora para promulgação presidencial antes de entrar em vigor.

O que a nova lei prevê

De acordo com o projeto aprovado pelo Parlamento, a medida visa garantir a segurança pública e a possibilidade de identificação de cidadãos em locais abertos ou de acesso público. No entanto, críticos consideram que a proposta pode representar uma limitação à liberdade religiosa das mulheres muçulmanas que optam por usar o véu integral.

Multas aplicáveis

  • De 200 a 2.000 euros — em casos de negligência.
  • De 400 a 4.000 euros — quando houver intenção comprovada.

As infrações serão tratadas como contra ordenações e avaliadas pelas autoridades competentes, com possibilidade de recurso judicial.

Exceções à proibição

O texto aprovado contempla diversas exceções. O uso de véus ou coberturas faciais continuará permitido em situações específicas, como:

  • Durante viagens de avião;
  • Em locais de culto religioso;
  • Em embaixadas e consulados;
  • Por motivos de saúde, segurança, clima ou profissão.

O uso do hijab — que cobre apenas o cabelo e deixa o rosto visível — não é afetado pela nova norma, mantendo-se permitido em todo o território nacional.

Debate político e social

O projeto gerou forte discussão no Parlamento. Os defensores afirmam que a medida reforça a segurança e a integração social, ao passo que opositores alertam para o risco de discriminação religiosa e estigmatização da comunidade muçulmana.

“Esta lei não é contra uma religião, mas a favor da transparência e da convivência segura”, declarou um dos deputados favoráveis à proposta. Já associações de direitos humanos afirmam que a norma poderá violar liberdades fundamentais garantidas pela Constituição e por convenções internacionais.

Contexto europeu

Portugal junta-se assim a uma lista crescente de países europeus que já impuseram restrições ao uso da burca e do niqab em espaços públicos. França foi pioneira, ao adotar uma proibição semelhante em 2010, seguida por Bélgica, Áustria, Dinamarca e Holanda.

Em todos esses casos, a medida foi acompanhada de intenso debate sobre liberdade religiosa versus segurança nacional, uma tensão que continua a dividir sociedades multiculturais em toda a Europa.

Repercussão entre comunidades islâmicas

Líderes muçulmanos em Portugal reagiram com preocupação. Em comunicado, a Comunidade Islâmica de Lisboa sublinhou que “qualquer limitação deve respeitar o direito à liberdade religiosa e à escolha pessoal das mulheres”.

Já especialistas em sociologia das religiões alertam que legislações deste tipo tendem a gerar polarização e podem dificultar a integração das minorias.

O próximo passo: promulgação presidencial

Para que a lei entre em vigor, falta apenas a promulgação pelo Presidente da República. Caso o chefe de Estado não vete o texto, a norma será publicada em Diário da República e passará a ter validade em todo o território nacional.

O Governo deverá ainda definir, por decreto, as entidades responsáveis pela fiscalização e os procedimentos administrativos para aplicação das multas.

O que muda na prática

Com a aprovação desta lei, Portugal passará a adotar um modelo semelhante ao de outros países europeus onde o uso de véus integrais é restringido em locais públicos. Na prática, mulheres que utilizam a burca ou o niqab poderão ser abordadas pelas autoridades e sujeitas a multa caso se recusem a retirar a cobertura facial.

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Conclusão

A decisão portuguesa insere-se num contexto mais amplo de discussão sobre liberdade religiosa, segurança e valores europeus. Resta agora observar se a promulgação presidencial confirmará a medida e de que forma o país lidará com as consequências sociais e políticas desta escolha.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O que exatamente é proibido pela nova lei?

O uso de véus que cubram completamente o rosto, como burca e niqab, em locais públicos.

2. O hijab também será proibido?

Não. O hijab, que cobre apenas o cabelo, continua permitido.

3. Quais são as multas?

As multas variam entre 200 e 4.000 euros, dependendo da gravidade e da intenção.

4. Existem exceções?

Sim, a lei prevê exceções em locais de culto, aviões, consulados e por motivos de saúde ou segurança.

5. Quando a lei entra em vigor?

Após promulgação pelo Presidente da República e publicação em Diário da República.


Fonte: Parlamento Português, Comunidade Islâmica de Lisboa, Jornal Público, Lusa.

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