Portugal pondera nova lei laboral que pode alongar o trabalho diário até 13 horas

Ana Fernandes
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Imagem de uma assembleia parlamentar ou sessão legislativa no interior de um prédio histórico, com decoração clássica, altas cúpulas e muitas pessoas presentes.
Entre modernização e exaustão: o país dividido

Surpresa e apreensão: a proposta de uma nova lei laboral em Portugal está a gerar debate intenso entre trabalhadores, sindicatos e empresários. 

A Assembleia da República está a considerar um projeto que poderá alterar profundamente a forma como o país encara o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

O tema volta ao centro das atenções após o Governo grego aprovar recentemente uma medida semelhante, permitindo jornadas mais longas em determinados setores. 

Agora, Portugal avalia seguir o mesmo caminho — uma decisão que levanta questões sobre produtividade, saúde mental e direitos laborais.

O que prevê a proposta em análise

De acordo com informações obtidas junto de fontes parlamentares, a proposta prevê a possibilidade de alargar a jornada de trabalho até 13 horas diárias em setores específicos do setor privado, mediante acordo entre empregador e trabalhador. 

A medida também incluiria mecanismos de compensação financeira e períodos de descanso obrigatórios.

Os defensores da proposta argumentam que a medida visa aumentar a flexibilidade laboral e a competitividade das empresas portuguesas no contexto europeu. 

No entanto, críticos alertam que tal mudança poderá abrir portas para abusos e aumentar a fadiga dos trabalhadores.

Comparação com o modelo grego

A Grécia aprovou recentemente uma lei que permite jornadas de trabalho até 13 horas, gerando forte contestação popular. 

O governo grego justificou a decisão com a necessidade de modernizar o mercado de trabalho e combater o desemprego. 

Contudo, sindicatos e organizações internacionais alertaram para o risco de retrocessos nos direitos dos trabalhadores.

Em Portugal, especialistas do direito laboral temem que uma legislação semelhante possa fragilizar a proteção jurídica dos assalariados e agravar as desigualdades entre patrões e empregados.

Reações e controvérsia

Os principais sindicatos nacionais já manifestaram oposição frontal à proposta. A CGTP e a UGT afirmam que a medida “fere o princípio do trabalho digno” e poderá aumentar o número de casos de exaustão, stress e acidentes laborais.

Por outro lado, algumas confederações empresariais defendem que o projeto poderá “dar mais autonomia e poder de escolha aos trabalhadores”, especialmente em áreas de alta demanda, como tecnologia, transportes e saúde.

O Ministério do Trabalho confirmou que ainda não existe um texto final, e que a proposta deverá passar por um período de consulta pública antes de qualquer votação no plenário.

Especialistas alertam para impactos na saúde

Médicos e psicólogos têm sido unânimes ao afirmar que jornadas longas estão associadas a riscos de burnout, depressão e doenças cardiovasculares. Estudos europeus recentes indicam que trabalhadores que excedem as 10 horas diárias têm um aumento de 30% no risco de problemas de saúde mental.

“A produtividade não se mede apenas em horas, mas na qualidade do trabalho e no bem-estar do trabalhador”, sublinhou Joana Figueiredo, investigadora em saúde ocupacional da Universidade do Porto.

O que poderá mudar na lei laboral portuguesa

Entre as possíveis alterações que poderão ser discutidas, destacam-se:

  • Possibilidade de prolongar o horário até 13 horas diárias, mediante acordo;
  • Revisão dos limites de horas extraordinárias anuais;
  • Introdução de mecanismos de descanso obrigatório após períodos prolongados de trabalho;
  • Maior autonomia contratual entre empregadores e empregados em determinados setores.

Os analistas acreditam que, caso seja aprovada, a lei poderá transformar-se num dos maiores marcos da legislação laboral portuguesa desde o Código do Trabalho de 2003.

Impacto económico e social

Enquanto alguns economistas defendem que o aumento da flexibilidade poderá impulsionar a produtividade e atrair investimento estrangeiro, outros alertam para o risco de precarização do trabalho e aumento das desigualdades sociais.

Para Rui Almeida, economista do Observatório do Emprego, “a questão não é apenas trabalhar mais, mas sim trabalhar melhor. 

O prolongamento das jornadas pode criar ganhos imediatos para algumas empresas, mas perdas a longo prazo em qualidade de vida e saúde pública”.

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Conclusão

A discussão sobre o prolongamento da jornada laboral em Portugal está apenas a começar, mas já se tornou num dos temas mais sensíveis do ano. 

A proposta divide opiniões e levanta questões fundamentais sobre o futuro do trabalho no país: até que ponto o crescimento económico justifica o sacrifício do bem-estar?

Independentemente do desfecho, a sociedade portuguesa parece enfrentar um dilema: modernizar o mercado de trabalho sem comprometer a dignidade humana.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. A lei já foi aprovada?

Não. A proposta encontra-se em fase de análise e debate na Assembleia da República, e poderá ainda sofrer alterações significativas.

2. Todos os trabalhadores seriam obrigados a trabalhar 13 horas?

Não. A medida, caso aprovada, aplicaria-se apenas a setores específicos e dependeria de acordo entre empregador e trabalhador.

3. Que países adotaram medidas semelhantes?

Grécia, Japão e alguns setores da Alemanha têm regulamentações que permitem jornadas mais longas em casos excecionais, sempre com compensações e períodos de descanso obrigatórios.

4. Quais são os riscos para a saúde?

Estudos apontam aumento do risco de fadiga, stress, doenças cardiovasculares e transtornos mentais entre trabalhadores com jornadas prolongadas.

5. Onde posso acompanhar o andamento da proposta?

No portal oficial da Assembleia da República, onde são publicadas atualizações sobre todos os projetos de lei em tramitação.

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