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| Angola vive um colapso urbano com 27 mortos, 197 feridos e fome nas ruas durante greve dos taxistas. Mercados e bombas de combustível estão fechados. |
Greve dos taxistas paralisa Luanda: tumultos e fome nas ruas agravam crise em Angola
Angola vive um dos momentos mais tensos do ano. A greve dos taxistas iniciada esta semana mergulhou Luanda e outras cidades do país num clima de profunda instabilidade. Com postos de combustível encerrados, mercados informais fechados e episódios de violência urbana em várias províncias, o Governo já confirmou oficialmente 27 mortos e 197 feridos em apenas dois dias de tumultos.
Luanda sob tensão: transportes parados e medo nas ruas
A capital Luanda permanece praticamente paralisada. A ausência de táxis nas ruas, principal meio de transporte para milhares de cidadãos, resultou em multidões a pé, vias congestionadas e um crescente sentimento de medo. Comerciantes fecharam portas por precaução, e moradores relatam o som constante de sirenes e corridas desordenadas.
De acordo com fontes locais, grupos aproveitaram o vazio nas ruas para cometer saques em estabelecimentos comerciais, incluindo supermercados, armazéns e pequenas lojas de bairro. Entretanto, muitos dos autores não são identificados como criminosos comuns, mas como cidadãos famintos e desesperados.
“Isto não é vandalismo, é fome”: o drama da população
“As pessoas não estão a destruir por maldade. Elas estão com fome”, disse um morador do bairro Cazenga, que preferiu manter o anonimato. Esta percepção ganhou força nas redes sociais, onde muitos angolanos pedem uma resposta social urgente ao invés de apenas repressão policial.
Huambo e outras províncias também registram violência
Além da capital, a cidade do Huambo também vive momentos de forte instabilidade. Houve registo de arruaças, sabotagens a infraestruturas públicas e confrontos com forças de segurança. Moradores falam em barricadas, pneus incendiados e tentativas de paralisar vias estratégicas da cidade.
O Governo Provincial do Huambo emitiu um comunicado pedindo calma e garantindo o reforço da segurança. No entanto, imagens que circulam online mostram viaturas danificadas e lojas saqueadas, aumentando a percepção de que a situação está fora de controle em algumas zonas.
Balanço oficial: 27 mortos e quase 200 feridos
Em pronunciamento oficial, o Ministério do Interior confirmou que os distúrbios em diversas províncias causaram 27 mortes e 197 feridos. A maioria das vítimas são jovens, entre 17 e 30 anos. Muitos foram alvejados por armas de fogo durante confrontos com a polícia ou em contextos de repressão a saques.
As autoridades também informaram que mais de 100 pessoas foram detidas, algumas das quais acusadas de incitamento à desordem pública, vandalismo e furto qualificado. Organizações de direitos humanos apelam por transparência nas investigações e respeito à dignidade dos detidos.
Combustível e mercados: um país travado pela greve
Com a escassez de combustíveis agravada, muitos postos foram fechados preventivamente. Caminhões de abastecimento foram impedidos de circular por questões de segurança. Os mercados informais, que representam grande parte da economia popular, também fecharam — não só por receio de violência, mas pela falta de transporte.
Analistas apontam que a paralisação do setor informal terá impactos severos na economia doméstica dos mais pobres, já que muitos dependem da venda diária para comprar alimentos.
Reações do governo e silêncio sobre soluções sociais
Apesar da repressão e dos números divulgados, o governo ainda não apresentou medidas efetivas de resposta social à crise. Não há, até o momento, nenhum plano emergencial de distribuição de alimentos ou compensações aos afetados.
Especialistas em políticas públicas defendem a urgente intervenção do Estado com medidas estruturadas para conter a fome, garantir segurança alimentar e restaurar a ordem sem recorrer apenas à força.
Quando o protesto revela a fome
O que começou como uma greve de taxistas por condições de trabalho e tarifas de combustível evoluiu para um retrato real da pobreza e desigualdade em Angola. O caos nas ruas expõe não apenas falhas na segurança, mas a ausência de políticas eficazes para garantir o básico: transporte, comida e dignidade.
Enquanto o número de mortos cresce e a fome empurra cidadãos à beira do desespero, o país encara uma pergunta difícil: como garantir a estabilidade sem ignorar a urgência social?


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