Geração Z em Portugal quer salto salarial: de 800 € para 5 000 € e menos horas de trabalho

Ana Fernandes
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Grupo de jovens sorridentes usando smartphones e sentados juntos em uma bancada ao ar livre, em um ambiente urbano, aproveitando momentos de socialização com o tema 'mostrar na rua' para maximizar o engajamento.
Salários em alta, horas em baixa — e um país a repensar o futuro laboral.

Geração Z em Portugal Quer Aumentos Salariais de 800€ a 5000€ e Menos Horas de Trabalho

Surpreendente, mas real: a nova geração portuguesa não aceita trabalhar apenas por um salário. A Geração Z, nascida entre o final dos anos 1990 e meados de 2010, está a desafiar o modelo tradicional de trabalho, exigindo salários mais altos, jornadas mais curtas e um propósito claro nas empresas.

Num país onde o salário médio ronda os 1.400 euros, muitos jovens dizem abertamente que só aceitam empregos que paguem acima dos 2.000 euros e ofereçam equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Mas será que o mercado está preparado para essa revolução?

O choque de gerações no mercado de trabalho

A diferença entre expectativas é gritante. Enquanto muitos empregadores ainda defendem jornadas longas e presença física obrigatória, os jovens portugueses procuram flexibilidade, liberdade e reconhecimento.

De acordo com um estudo recente da Michael Page Portugal, mais de 70% dos profissionais da Geração Z afirmam que recusariam um emprego que não oferecesse equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Já 58% dizem que pretendem mudar de emprego caso não se sintam valorizados.

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“Trabalhar para viver” e não “viver para trabalhar”

A mentalidade mudou. Os jovens valorizam o bem-estar mental e o tempo livre tanto quanto o salário. Para muitos, ganhar 1.000 euros por mês em Lisboa já não é suficiente para garantir uma vida digna.

“O custo de vida aumentou muito, mas os salários continuam estagnados. A Geração Z quer apenas o que é justo — poder pagar uma renda, fazer compras básicas e ainda ter qualidade de vida”, afirma Inês Santos, consultora de recursos humanos.

Expectativas salariais: de 800€ a 5000€ por mês

Um levantamento da consultora Randstad Portugal revelou que as expectativas salariais da Geração Z são vastas — muitos iniciam carreira com 800€, mas outros, especialmente em áreas como tecnologia, marketing digital e engenharia, esperam chegar rapidamente aos 5.000€ mensais.

Esta diferença reflete não apenas o nível de formação, mas também a percepção de valor que cada jovem tem do seu trabalho. 

A geração que cresceu com o digital acredita que competências tecnológicas e criatividade merecem ser bem pagas.

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Flexibilidade e propósito: os novos critérios

Para a Geração Z, o salário é importante — mas não é tudo. Ter um propósito, contribuir para algo significativo e sentir-se ouvido dentro da empresa são fatores decisivos. De facto, segundo o relatório Deloitte Global 2025 Gen Z Survey, 49% dos jovens portugueses afirmam que só permanecem em empresas que partilham dos seus valores sociais e ambientais.

“Os jovens já não querem apenas estabilidade, querem motivação e sentido. 

É um desafio que as empresas portuguesas precisam de entender rapidamente”, comenta João Fernandes, economista e especialista em comportamento organizacional.

O papel das empresas e o futuro do trabalho em Portugal

Empresas de todos os setores estão a enfrentar o desafio de reter talentos. 

A rotatividade aumentou e a lealdade à empresa já não é um valor inquestionável. 

O que conta, agora, é a experiência que o emprego oferece.

Organizações mais modernas começam a adaptar-se, oferecendo horários híbridos, benefícios personalizados e planos de carreira mais transparentes. 

O trabalho remoto, antes exceção, tornou-se norma em muitos setores.

Segundo a Ordem dos Economistas, Portugal poderá enfrentar uma escassez de jovens qualificados até 2030 se não modernizar as suas condições laborais e salariais.

Competitividade e retenção de talento

As empresas que não se adaptarem correm o risco de perder profissionais talentosos para mercados internacionais, onde as condições são mais competitivas. Países como Alemanha, Irlanda e Países Baixos já atraem milhares de jovens portugueses com ofertas salariais que duplicam as nacionais.

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Estratégias para empresas e jovens: encontrar o ponto de equilíbrio

Os especialistas defendem que é possível encontrar um meio-termo entre as exigências da Geração Z e as limitações do mercado. A chave está na comunicação, flexibilidade e valorização do talento.

  • Transparência salarial: mostrar claramente as oportunidades de crescimento e remuneração.
  • Formação contínua: investir em desenvolvimento pessoal e profissional.
  • Ambiente saudável: promover cultura organizacional positiva e aberta ao diálogo.
  • Flexibilidade real: horários híbridos e foco em resultados, não apenas em horas presenciais.

Do lado dos jovens, também é importante compreender que o progresso profissional é gradual. Expectativas altas são legítimas, mas precisam de estar alinhadas à experiência e ao valor real que se oferece ao mercado.

Conclusão 

Uma mudança inevitável

A Geração Z está a redefinir o conceito de trabalho em Portugal. O futuro será feito de mais liberdade, mais exigência e maior busca por sentido. As empresas que compreenderem isso primeiro estarão na dianteira da nova economia.

Mais do que uma crise geracional, o que vivemos é uma transformação profunda — e, no fim, todos têm a ganhar: jovens mais motivados e empresas mais humanas.

Resumo

A Geração Z portuguesa exige mais do que salários — quer reconhecimento, flexibilidade e propósito. Com expectativas salariais entre 800€ e 5000€, os jovens estão a pressionar o mercado por mudanças estruturais. O futuro do trabalho em Portugal dependerá da capacidade de empresas e profissionais encontrarem equilíbrio entre ambição e realidade.

FAQ – Perguntas Frequentes

1. Qual é o salário médio desejado pela Geração Z em Portugal?

As expectativas variam entre 1.500€ e 3.000€, mas em setores como tecnologia e finanças podem ultrapassar os 5.000€ mensais.

2. Por que a Geração Z valoriza tanto o equilíbrio entre vida e trabalho?

Porque cresceu num contexto de crise económica e tecnológica, onde percebeu que o tempo livre e a saúde mental são tão importantes quanto o rendimento.

3. As empresas portuguesas estão preparadas para essas mudanças?

Nem todas. Muitas ainda resistem a horários flexíveis e teletrabalho, mas as que se adaptam tendem a reter melhor os jovens talentos.

4. Esta mudança é positiva para o mercado?

Sim. Obriga as empresas a inovar, valorizar o capital humano e criar ambientes mais produtivos e sustentáveis a longo prazo.

Fontes: Michael Page Portugal, Randstad, Deloitte Global 2025 Gen Z Survey, Ordem dos Economistas.

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