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| Cartaz do CHEGA reacende debate sobre racismo. |
Comunidade do Bangladech indignada com cartaz de Ventura: "Este racismo não existia em Portugal. Os portugueses não são assim"
Choque e revolta. Foi assim que a comunidade do Bangladesh em Portugal reagiu ao novo cartaz do CHEGA com a frase “ISTO NÃO É O BANGLADESH”. O gesto de André Ventura reacendeu o debate sobre racismo, discurso de ódio e a convivência entre comunidades imigrantes em território português.
“Este racismo não existia em Portugal. Os portugueses não são assim”, desabafou o porta-voz da comunidade, expressando a dor e o espanto de quem diz ter sempre vivido em paz e com respeito. Segundo ele, a comunidade tem mantido “tolerância máxima” face às “provocações” que, afirma, se repetem há mais de dois anos, sobretudo nas redes sociais e campanhas políticas.
“ISTO NÃO É O BANGLADESH”: um cartaz que gerou indignação
O cartaz, divulgado esta semana durante uma ação do CHEGA, apresenta a frase “ISTO NÃO É O BANGLADESH” em letras garrafais, acompanhada por imagens que, segundo a comunidade, “distorcem a realidade e alimentam preconceitos”.
O gesto provocou forte reação nas redes sociais, onde várias figuras públicas e cidadãos portugueses manifestaram solidariedade para com os imigrantes bangladeshianos. “Portugal é um país de inclusão, não de exclusão”, escreveu um utilizador no X (antigo Twitter).
“Estamos aqui para trabalhar, pagar impostos e contribuir para a economia portuguesa. Não somos inimigos de ninguém”, acrescentou o porta-voz da comunidade.
Histórico de convivência e respeito
Estima-se que mais de 25 mil cidadãos do Bangladesh residam atualmente em Portugal, sobretudo em Lisboa, Setúbal e Porto. Muitos trabalham na restauração, construção civil e comércio. A integração tem sido, segundo diversas entidades, “exemplar”.
“Sempre fomos bem recebidos. É doloroso ver políticos a usar o nosso nome como arma eleitoral”, lamenta o representante. Ele lembra que a comunidade participa ativamente em campanhas solidárias e ações de voluntariado — “muitos portugueses conhecem-nos pelos cafés, restaurantes ou pequenas lojas de bairro, onde há respeito e amizade mútua”.
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CHEGA e a polémica do discurso de ódio
O CHEGA tem sido alvo de críticas por parte de organizações de direitos humanos e observatórios de comunicação. Diversos analistas apontam que o partido de extrema-direita tem usado a imigração como tema central de campanha, frequentemente com mensagens provocativas.
Segundo o Observatório da Imigração, este tipo de comunicação política tende a reforçar estereótipos e aumentar o sentimento de insegurança, mesmo quando os dados oficiais mostram o contrário: a criminalidade entre imigrantes é inferior à média nacional.
Em resposta às críticas, Ventura tem defendido que “não é racista” e que os seus cartazes “denunciam a degradação urbana”, não as pessoas. No entanto, para a comunidade do Bangladesh, a mensagem é clara: “Quando alguém diz ‘isto não é o Bangladesh’, está a dizer que nós não pertencemos aqui. Isso é racismo.”
Autoridades pedem moderação e respeito
O Ministério da Administração Interna e a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) já foram alertados para o caso. A CICDR poderá abrir um processo de averiguação por incitação ao ódio, dependendo da queixa formal da comunidade.
Vários partidos democráticos condenaram publicamente o cartaz. “É inadmissível usar comunidades inteiras como bode expiatório para fins eleitorais”, afirmou um deputado socialista. Já o Bloco de Esquerda considerou o cartaz “uma vergonha nacional”.
Portugal multicultural e a força da integração
Apesar das polémicas, Portugal é considerado um dos países europeus mais abertos à imigração. Em 2024, mais de 800 mil estrangeiros residiam legalmente no país — um número recorde, com forte presença de comunidades brasileiras, nepalesas, indianas e bangladeshianas.
Especialistas sublinham que a diversidade tem sido um motor de crescimento económico e cultural. “A imigração contribui com trabalho, impostos e dinamismo social. É um pilar do futuro português”, destaca a socióloga Mariana Figueira.
Para a comunidade do Bangladesh, o desejo é simples: “Queremos respeito. Vivemos aqui, criamos filhos aqui e queremos continuar a acreditar que Portugal é um país justo.”
O papel das redes sociais e a escalada de provocações
O porta-voz denunciou ainda uma “campanha online” que tem alimentado desinformação sobre os imigrantes. “Há páginas e grupos que, há mais de dois anos, partilham montagens e vídeos falsos sobre o BANGLADESH e o Islão. Temos sido pacientes, mas o limite foi ultrapassado.”
As denúncias foram enviadas à Polícia Judiciária e à plataforma Meta (Facebook e Instagram), com apoio de organizações de direitos humanos. “Queremos combater o ódio com informação e diálogo”, afirmou o representante.
Reflexão final: o que está em causa
O caso do cartaz do CHEGA vai além da polémica momentânea. Reabre uma discussão mais profunda sobre o tipo de país que Portugal quer ser — inclusivo e plural, ou dividido por discursos que promovem medo e exclusão.
“Os portugueses são bons, têm coração grande. Este racismo não vem do povo, vem da política”, concluiu o porta-voz do Bangladeche, visivelmente emocionado.
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Resumo
O cartaz do CHEGA “ISTO NÃO É O BANGLADESH” provocou forte reação da comunidade bangladeshiana em Portugal, que acusa o partido de promover racismo e intolerância. O caso reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão, o papel dos partidos na coesão social e o futuro da convivência multicultural no país.
FAQ — Perguntas Frequentes
Por que o cartaz do CHEGA causou tanta polémica?
Porque usa uma frase que, segundo a comunidade afetada, associa o Bangladeche a algo negativo, reforçando estereótipos e sentimentos de exclusão.
Quantos cidadãos do Bangladeche vivem em Portugal?
Estima-se que sejam cerca de 25 mil, concentrados nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
O CHEGA pode ser acusado legalmente por este tipo de cartaz?
Depende da interpretação da CICDR e dos tribunais. Se for considerado incitamento ao ódio, pode gerar sanções ou processos.
Portugal é um país racista?
Estudos apontam que a maioria dos portugueses valoriza a diversidade e a integração, embora casos de racismo existam e devam ser combatidos.



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